quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Zarpas mar adrentro contra vento marés, pequena casca de noz desafiadora, na noite escura. Vais por querer sem destino nem propósito que não seja ir para lá do redondo da terra, onde ninguém te vê e só a água e a escuridão te rodeiam. Não sabes quanto tempo navegas, quantas milhas, quantas vagas, não sabes quando voltas nem sequer se tens vontade, mas sabes que tens lá para o lado onde nasce o sol, o teu porto de abrigo com o mesmo mofo, as mesmas águas paradas, o mesmo conforto familiar.
Sabes o caminho de cor, ali e ali estão os faróis amigos, que te guiam para casa quando chegar o cansaço. Lá longe, mais alto e mais distante que os outros, há um que antes não estava, arrogando-se na sua novidade. Ignoras-lo. Afinal não passa de um reles farol, agarrado nos seus rochedos, a dar luz, a pretender guiar-te na noite, mas que sabe ele dos segredos das águas negras e das forças dos ventos e correntes?
Pobre farol. Quando amanhecer nem sequer vais conseguir vê-lo, perdido na luz, perdido naquela terra segura de que tanto foges.

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