terça-feira, 4 de setembro de 2012

Espalha brasas

Todos conhecemos na família, no trabalho, entre os amigos, dos tempos de escola, uma figura extrovertida e bem disposta a quem não falta um sorriso às vezes forçado e uma resposta pronta com mais ou menos piada mas sempre espirituosa.
São boa companhia, gostamos de estar perto, somos bem vistos a seu lado, fazemos coro com a chacota. São líderes e populares.
Mas têm o seu lado escuro. Angustiam-se porque em público não têm vida própria. Reagem como os outros esperam que reajam, deixam-se manipular pela sua própria imagem, fazem o número mesmo que involuntariamente. É inevitável. Está-lhes no sangue.
Nos momentos de fraqueza, na intimidade, quando deixam alguém espreitar-lhes a alma, hesitam, cedem por instantes. Mas logo saltam, rodam a capa, gargalham alto, humilham o desgraçado e voltam ao número confortável tantas vezes ensaiado.
Até um dia, quem sabe.

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