"Fundações sem rendimentos para mandar cantar um cego nem património que permita
ao cego um gabinete decente não são exactamente fundações: são esquemas
destinados a subtrair verbas ao Estado, consolar amigos, arrebanhar poder e
catar o típico gabarito.
Se um antigo presidente da República necessita de recorrer ao dinheiro
alheio, o indivíduo não devia ter criado uma "fundação", mas um peditório à
escala nacional ou um crédito bancário. Se o chefe de um governo regional usa a
fundação social lá do sítio para comprar a casa onde o mesmo chefe viveu até aos
30 anos, é lícito supor que uma imobiliária teria maior vocação para o negócio.
Se um escritor editado e vendido no mundo inteiro é obrigado a pedir abrigo à
Câmara de Lisboa, convinha que os herdeiros do escritor pedissem contas ao
contabilista. Se uma empresa de computadores embolsa 454 milhões para produzir
uma geringonça inviável no mercado livre, constata-se que os empresários em
causa escolheram a profissão errada."
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