domingo, 25 de março de 2012

Portugal em choque

Os denominados indignados vêm do mundo urbano da fantasia do emprego vitalício nos serviços públicos, nos sectores monopolistas, no Estado. Os polícias vêm da província, da realidade da lavoura, do pequeno comércio e indústria prestes a encerrar, da emigração e encontram sustento na tropa e nas forças de segurança.
Uns e outros têm o mesmo país, os mesmos problemas, mas enquanto uns exigem soluções no conforto proporcionado em que viveram toda a vida, os outros cumprem ordens e protegem um emprego que alimenta os filhos, com a mesma determinação com que agarram uma enxada ou emigram para a Suiça.
O Chiado assistiu ao choque deste dois portugais. Os primeiros tentam cativar os segundos mas falham na sobranceria urbana parola que desbanca no insulto fácil. Os segundos não entendem os primeiros e ofendem-se genuinamente com tamanha soberba, ingénua e indolente. Os urbanos têm boa imprensa, apoio político, movem influências. Os segundos espelham o Portugal silencioso, católico, retrógado, conservador, que fingimos esquecer mas que é a matriz que nos agrega há nove séculos.

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