Nos últimos dias tem andado meio mundo a falar de uma senhora indiana, com antepassados que lhe deixaram apelido português, que terá cometido suicídio.
O caso não é claro nem está esclarecido mas serve de motivo para exercitar o raciocínio sobre um tema importante e pouco esclarecido: a pressão profissional e social para o sucesso, a necessidade de reconhecimento e aceitação pelos outros e a reacção à queda.
As motivações para um passo tão dramático podem ser nenhumas em caso de doença mental grave mas normalmente são resultado da incapacidade do próprio para assimilar e processar a sua incompetência para vergar um desafio familiar ou profissional a que se propôs, num processo público de culpa e censura.
Esta senhora teria orgulho no seu trabalho, no seu hospital, nos ilustres doentes que tratava. Provavelmente seria tema de conversa orgulhosa em casa e com os seus familiares e vizinhos lá na Índia natal. A relação laboral também deveria ser tensa, distante e exigente tão típico do meio social. Quando se viu alvo da chacota, censura, repreensão e de um provável processo disciplinar, não aguentou.
Tem havido relatos de suicídios em Espanha, de pessoas despejadas das suas casas por dificuldades financeiras. Mais do que a revolta contra a economia ou justiça, o pior é a vergonha de ter assumido um compromisso demasiado pesado sem plano de contingência. Passo maior do que a perna.
Em situações limite há quem troque de emprego, de família, de cidade, de país. Outros desistem. Perante grandes desafios ou contrariedades, demasiado grandes, desistir sempre foi uma opção.
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
O exame
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