terça-feira, 7 de agosto de 2012

Um povo a meio gás

Já se diz que temos pouco jeito para o desporto e os resultados parecem confirmá-lo. O número de medalhas olímpicas acumuladas por Portugal é uma vergonha quando comparado com países da nossa dimensão, que tanto gostámos de ter como modelo. As nossas 22 (4 de ouro) contra as 202 da Suíça (53 de ouro), 185 da Dinamarca (44 de ouro), 246 da Holanda (71 de ouro), 144 da Noruega (54 de ouro) deixa-nos no mínimo calados.
Perante isto, vejo um ligeiro esgar de desdém na tão virtuosa elite urbana, culta e intelectual, num outro país, limpo, rico, sem cheiro a suor, daqueles que se impõem pelo saber e conhecimento nos gabinetes com ar condicionado onde se pensa, decide-se, governa-se, gizam-se estratégias, escrevem-se jornais, investiga-se e defende-se teses. Os nossos esforçados atletas vêm quase todos do povo humilde, gastam sapatilhas no asfalto entre aldeias à porta das fábricas que ainda lhes dão emprego, treinam em clubes com nomes tão populares como Unidos ou Associação do bairro a que pertencem, grande parte com indisfarçável pronúncia nortenha, outros com sotaques de além mar. Se calhar trabalham pouco ou não sabem trabalhar melhor.
Mas então vamos ao outro campeonato. Não é o que eu mais gosto mas vamos a ele:
Portugal tem dois prémios Nobel, um polémico na medicina e outro aceite com respeito na literatura. Comparando com países do nosso escalão cultural e demográfico, posso dizer que a Suécia tem 30, a Suíça tem 22, a Holanda tem 15, a Dinamarca tem 13, a Áustria tem 11, a Bélgica tem 9, a Noruega tem 8 e até a pobre Irlanda tem 5, faltando-lhe o sexto que seria de James Joyce.
Já agora, só a Universidade de Chicago tem 75 laureados com o prémio Nobel, entre professores, investigadores e ex alunos.
Vamos mas é trabalhar. Todos.

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