sábado, 13 de novembro de 2010

Euro

"O projecto europeu deixou de poder conter a força política do maior exportador mundial - a Alemanha. Merkel defende que não consegue explicar aos seus eleitores por que razão têm de pagar as contas dos latinos e dos gregos - e, de caminho, encher os bolsos aos respectivos credores. E sabe que o Tribunal Constitucional alemão dificilmente deixará passar mais um empréstimo alemão para uma nova Grécia. A Europa está, assim, nas mãos da política interna (e do compreensível, mas pouco eficaz , moralismo) dos alemães.
Para Portugal isto são sobretudo más notícias.
No curto prazo a inépcia de Merkel - que comunica sem detalhes a um mercado instável que quem tem dívida dos países em apuros terá de estar preparado para a hipótese de receber menos e mais tarde do que o esperado - arrisca deixar o país sem financiamento no início de 2011.
No longo prazo, contudo, e fora do plano estritamente financeiro, as notícias são piores - a visão económica alemã (não expansão do consumo interno e disciplina orçamental férrea) vai reforçar o ajustamento duríssimo no lado público e, sobretudo, no lado privado da economia portuguesa (em especial nos salários). Isto para corrigir erros de política económica acumulados em Portugal ao longo das últimas duas décadas.
Nesta realidade complexa - e, em momentos de urgência, interessa cingir a política à realidade existente - a única coisa que Portugal pode fazer agora é executar com rigor o Orçamento do Estado para 2011. Depois haverá tempo para pensar nas sempre faladas reformas".
Bruno Faria Lopes, jornal i

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